Deputado lamenta modernidade e quer salvar papelarias da falência – o próximo passo é proibir o Google?

O deputado estadual Diego Guimarães (Republicanos) resolveu bancar o defensor das papelarias e livrarias de Mato Grosso. Em um discurso emocionado na tribuna, ele afirmou que a entrega de kits escolares pelo governo está levando esses comércios à falência e sugeriu uma solução genial: substituir os kits por vouchers para que os pais comprem os materiais diretamente. Um pequeno detalhe passou despercebido pelo parlamentar – com o voucher, não há controle de qualidade, e as famílias, na prática, podem acabar comprando materiais inferiores e até mais caros. Mas quem se importa, não é mesmo? O importante é salvar os negócios!

O raciocínio do deputado parece saído de um livro de economia alternativa: se o governo entrega algo gratuitamente, ele destrói o mercado. Com esse pensamento inovador, já podemos esperar novas propostas, como o fim do SUS para reaquecer o setor de planos de saúde ou a proibição do streaming para revitalizar as locadoras de DVD. Talvez até um decreto para obrigar os cidadãos a usarem máquinas de escrever e resgatar o mercado de papel carbono. O céu é o limite para a criatividade legislativa!

Mas vamos aos fatos: a entrega de kits escolares garante que todas as crianças, sem exceção, recebam materiais de qualidade padronizada e adequados ao ensino. Já o voucher abre espaço para um festival de produtos ruins, preços abusivos e até desvios de finalidade – porque, sejamos francos, quem fiscalizaria se o dinheiro realmente fosse gasto com material escolar e não com outras despesas? Sem contar o impacto para famílias de baixa renda, que, em vez de receberem os materiais prontos, teriam que caçar itens pelo comércio e ainda lidar com valores inflacionados.

O deputado ignora ainda outro ponto fundamental: o mundo mudou. Grandes redes de papelaria já perceberam que o modelo tradicional está em decadência e passaram a diversificar seus produtos, vendendo desde eletrônicos até móveis de escritório. Mas, ao que parece, alguns políticos preferem lutar contra a modernidade em vez de incentivar a adaptação dos empresários.

No fim das contas, a prioridade de um governo deve ser garantir que as crianças tenham material escolar de qualidade – e não transformar o início do ano letivo em um festival de especulação comercial. Mas para alguns, parece que o importante não é a educação, e sim manter velhas estruturas funcionando, custe o que custar.

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