
A política tem seus espetáculos. Alguns grandiosos, outros patéticos. Mas nada supera a tragicomédia da ostentação e da pequenez. E nisso, Virgínia Mendes, a primeira-dama de Mato Grosso, tem se mostrado uma protagonista à altura da mediocridade que tanto despreza — ou finge desprezar.
Em Várzea Grande, ela já deu um show ao humilhar um secretário municipal em pleno palanque, como quem pisa na cabeça de um súdito que ousou existir fora do seu script. Agora, a nova cena desse teatro é ainda mais pueril, digna de um barraco virtual. Mauro Carvalho, ex-melhor amigo da família e segundo homem mais poderoso do governo Mauro Mendes durante cinco anos, foi simplesmente apagado de uma foto republicada pela primeira-dama. Um corte cirúrgico, como quem deleta um desafeto de um grupo de WhatsApp.
O gesto poderia passar despercebido, não fosse o tamanho do ego envolvido. Virgínia, a rainha do Instagram, que desfila bolsas importadas, óculos de grife e um estilo de vida que não combina com o discurso da boa samaritana, mostrou mais uma vez que sua versão real não é tão benevolente quanto a dos posts filtrados e das mensagens açucaradas.
Mas a cereja do bolo dessa novela é o chamado Kartódromo da discórdia. Uma obra milionária, bancada pelo dinheiro do contribuinte, para diversão de filhinhos de papai, instalada no coração da elite ruralista, os barões da soja. Não é um hospital, não é uma escola, não é uma estrada para escoar produção — é um playground de luxo financiado pelo suor de quem paga impostos. E enquanto o povo se vira como pode, os ricos aceleram seus karts sobre asfalto público, brindando à boa vida.
Esse é o retrato de um governo que se acha aristocracia. Que ostenta enquanto despreza. Que constrói para si mesma enquanto faz caridade para os holofotes. E assim segue Mato Grosso, com sua corte, seus cortes e suas pequenas grandezas.