
Se há um retrato perfeito da perversidade política, ele foi pintado nesta votação vergonhosa na Câmara de Cuiabá. Com o aval do prefeito Abílio Júnior e sua base aliada, os vereadores decidiram manter a proibição de que professores e demais profissionais da educação tenham acesso à merenda escolar. Isso mesmo: a comida que sobra, que muitas vezes iria para o lixo, continua proibida para quem dedica sua vida a ensinar.
E onde estavam os discursos sobre valorização da educação? Esqueceram nos palanques. Porque, na prática, o que temos é um governo que se recusa a cortar qualquer um de seus próprios privilégios, mas não hesita em sacrificar aqueles que já vivem com salários achatados, enfrentando salas lotadas e infraestrutura precária.
O prefeito e seus aliados não abriram mão de seus auxílios, suas regalias, seus jantares bem servidos. Mas quando se trata de permitir que um professor coma um prato de arroz e feijão no intervalo de sua jornada, aí o rigor administrativo entra em cena. Um verdadeiro teatro do absurdo, onde a maldade se veste de “responsabilidade fiscal” para punir justamente os que mais precisam.
A pergunta que fica é: até quando essa casta política vai seguir desumanizando os educadores, transformando professores em párias dentro das próprias escolas? Até quando Cuiabá vai tolerar esse escárnio?
A história há de lembrar os nomes daqueles que, diante da oportunidade de fazer o mínimo pelo justo, escolheram a crueldade.