Zion da Ferrogrão e os milhões

Parque Novo Mato Grosso: Bilhões públicos erguem luxo exclusivo, enquanto Zion domina obras milionárias em 2024 com apoio da MTPar

O Parque Novo Mato Grosso, vendido como símbolo de modernidade e desenvolvimento, já carrega uma marca que muitos consideram polêmica: “apartheid social”. Idealizado como um espaço de lazer e infraestrutura de ponta, o parque está sendo construído com dinheiro público, mas em uma área privilegiada da elite agrícola, os chamados “barões da soja”. A promessa de inclusão parece distante, já que o acesso ao parque, incluindo um luxuoso autódromo, deverá ser pago, limitando o usufruto a poucos privilegiados enquanto o cidadão comum, financiador do projeto, assiste de longe.

O protagonismo na execução das obras fica a cargo da Zion Real Estate LTDA, que, em 2024, acumulou contratos que ultrapassam os R$ 52 milhões. A empresa lidera a construção do pórtico de entrada, do Complexo Xtreme e da sede do Regimento de Policiamento Montado, consolidando-se como uma das grandes beneficiadas desse bilionário empreendimento. Além do parque, a Zion também é responsável por obras estratégicas como a Ferrogrão, ampliando sua influência no setor de infraestrutura do estado.

No entanto, há um ponto central na execução desse ambicioso projeto que não pode ser ignorado: a intermediação da MT Participações e Projetos S.A. (MTPar), uma empresa de economia mista do governo estadual que gerencia diretamente os recursos e contratos. No comando da MTPar está Wener Santos, irmão de Cidinho Santos, presidente da Nova Rota Oeste — concessionária que administra a BR-163 e aliado de confiança do governador Mauro Mendes. Essa rede de conexões familiares e políticas levanta questionamentos sobre o direcionamento dos recursos públicos e a concentração de poder econômico nas mãos de poucos.

Enquanto isso, bairros periféricos de Cuiabá seguem sem saneamento básico, transporte público de qualidade e áreas de lazer acessíveis. O contraste é gritante: milhões são investidos para erguer um “parque de bilionários” enquanto grande parte da população carece de serviços essenciais. A escolha política evidencia prioridades que favorecem a elite econômica e agravam o abismo social do estado.

O Parque Novo Mato Grosso, um empreendimento de magnitude impressionante e contratos milionários, é, ao mesmo tempo, um símbolo da disparidade social e da política de exclusão. A atuação da MTPar e os laços políticos de seus dirigentes reforçam a pergunta que ecoa em cada etapa dessa obra bilionária: quem realmente se beneficiará desse investimento financiado pelo povo mato-grossense?

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