
Era para ser uma tarde protocolar na Câmara Municipal de Cuiabá. Um debate técnico sobre pareceres da Comissão de Fiscalização e Acompanhamento da Execução Orçamentária. Mas a sessão rapidamente se transformou em um espetáculo tragicômico, digno de um roteiro de sátira política, quando o ex-presidente da casa, vereador Chico 2000, deu uma verdadeira aula de controle e domínio sobre o tema, enquanto os novatos da comissão — Samanta Brunini, esposa do prefeito, e os vereadores Alex Rodrigues e Ildes Taques — tropeçavam nas próprias palavras.
A cena seria hilária, não fosse alarmante. Chico 2000 pediu esclarecimentos simples, mas fundamentais: afinal, o que estava sendo parcelado? Era só dívida da prefeitura ou incluía também as bombas-relógio da Cuiabana de Saúde e da Limpurbe? O silêncio da comissão, que deveria ser a guardiã da transparência e do orçamento público, foi ensurdecedor. Precisou o presidente da Câmara improvisar, enquanto Samanta e companhia olhavam para o vazio, como estudantes sem estudar para a prova.
Para piorar, as explicações dadas mais pareciam monólogos ensaiados, com respostas genéricas e evasivas, incapazes de garantir que os débitos estivessem devidamente auditados. A impressão era clara: a comissão foi colocada ali não para fiscalizar, mas para figurar. A experiência e domínio técnico de Chico 2000 evidenciaram o abismo de preparo entre os veteranos e os neófitos.
Essa é a política de Cuiabá: onde a formação de uma comissão, ao que parece, segue mais critérios familiares e eleitorais do que competência. Enquanto isso, as finanças públicas continuam jogadas à sorte, sob os olhares de vereadores que mal entendem as demandas que lhes são apresentadas.
Como Arnaldo Jabor diria, em sua verve ácida e inquietante: “Essa não é a Câmara, é o reflexo de uma sociedade que esqueceu que orçamento é mais que números — é vida, é saúde, é cidade. E, ao que parece, também virou palco para o improviso de quem deveria estar estudando, e não desfilando.”