
Se tem algo que o cuiabano sabe fazer é sobreviver. Sobreviver ao calor que beira os 40 graus, ao descaso histórico com o transporte público e, agora, ao caos instaurado na Avenida do CPA, onde as obras do tão prometido BRT seguem paralisadas. A narrativa do governador Mauro Mendes, de que tudo está em dia, soa como um tapa na cara do cidadão que enfrenta engarrafamentos intermináveis, buracos no asfalto e agora, as chuvas que transformam as vias em armadilhas.
Os fatos não mentem. Dados obtidos no Fiplan Credor, sistema integrado ao Portal da Transparência do Governo de Mato Grosso, mostram que no dia 25 de outubro de 2024 o Governo do Estado efetuou os dois últimos pagamentos ao Consórcio Construtor BRT Cuiabá: R$ 1.044.931,00 e R$ 15.655.231,81, somando impressionantes R$ 16.700.162,81. Desde então, o consórcio afirma estar sem receber há três meses, mantendo as máquinas paradas e os trabalhadores de braços cruzados. Enquanto isso, o governador insiste em dizer que os repasses estão em dia. Quem está mentindo?
O caos instaurado na cidade é mais um capítulo da novela de promessas não cumpridas. Mauro Mendes, que sempre se vendeu como gestor eficiente, parece ter esquecido que uma cidade não se administra apenas com números e discursos. O trânsito na Avenida do CPA, uma das principais vias da capital, se transformou em um teste de paciência para motoristas e passageiros de transporte público.
É um verdadeiro escárnio com quem depende de ônibus lotados, enfrentando atrasos absurdos porque a via está tomada por obras inacabadas. Quem tem carro enfrenta engarrafamentos que dobram o tempo de deslocamento. E tudo isso sob o olhar indiferente de um governo que prefere o embate político ao diálogo com o consórcio.
Os R$ 16,7 milhões pagos no fim de outubro não bastaram para evitar a paralisia. A população, no entanto, paga o preço do desentendimento entre o governo e o consórcio. Enquanto os políticos trocam acusações e justificativas, o povo cuiabano segue soterrado pelo descaso, como se fosse possível tapar o sol da realidade com as promessas de campanha que jamais se concretizaram.
Cuiabá não precisa de mais números frios ou discursos técnicos. O povo quer respeito. Quer ver as obras retomadas e a cidade funcionando. Mauro Mendes, ouça os gritos que ecoam do caos do CPA. Não se governa um estado deixando sua capital à deriva.