
Encerra-se o mandato do promotor de Justiça, Deosdete Cruz Júnior, à frente do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), um período que será lembrado mais por suas controvérsias do que por avanços institucionais.
Em vez de consolidar o papel do MP como guardião da sociedade e do interesse público, a gestão de Deosdete foi marcada por um alinhamento político que provocou críticas tanto dentro quanto fora da instituição.
Sob seu comando, o Ministério Público pareceu, em diversas ocasiões, abdicar de sua independência. O procurador-geral priorizou suas ambições pessoais, notadamente o desejo de ser indicado desembargador pelo governador Mauro Mendes (União).
Essa aproximação política não apenas gerou desconfiança, como também levantou suspeitas de que o MP teria atuado como um “escudo de proteção” para o governo estadual. O episódio mais emblemático dessa gestão foi a perseguição considerada desproporcional ao atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), principal adversário político do governador.
Tal postura reforçou a impressão de seletividade nas ações do Ministério Público, enfraquecendo sua credibilidade perante a população.
Além disso, servidores e integrantes do MP relatam insatisfações internas, com uma gestão que teria desconsiderado a pluralidade de opiniões e privilegiado interesses individuais. As denúncias sobre a conduta de Deosdete devem, ao que tudo indica, ganhar fôlego no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), onde a sociedade espera que sejam devidamente apuradas.
Com o fim de seu mandato, abre-se uma oportunidade para a instituição resgatar seu papel de protagonista no combate à corrupção e na defesa do interesse público.
É hora de o Ministério Público Estadual de Mato Grosso retomar sua autonomia e reconstruir a confiança da sociedade, demonstrando que está acima de interesses políticos ou pessoais.
O legado de Deosdete Cruz Júnior, infelizmente, é de divisões e desconfiança. Sua saída do cargo deve ser vista como um alívio e, ao mesmo tempo, como um chamado para que o MPMT reafirme seu compromisso com a Constituição, com a democracia e com os valores republicanos.