
Há figuras públicas que brilham por sua autenticidade e capacidade de conexão com o povo. Outras, no entanto, vivem cercadas por um aparato que as distancia da realidade. A comparação entre a primeira-dama de Mato Grosso, Virgínia Mendes, e a deputada estadual Janaína Riva ilustra bem essa diferença. Enquanto a parlamentar construiu sua trajetória na política com presença e carisma, a esposa do governador Mauro Mendes parece encarnar um modelo mais elitista, onde ostentação e controle da imagem sobrepõem-se à espontaneidade.
Janaína Riva, gostemos ou não, é uma política nata. Criada no ambiente da política, acostumou-se a elogios e críticas e não se esconde do embate público. Anda pelo estado sem receio do contato direto, responde a perguntas sem filtro e enfrenta adversários sem aparato intimidador. Em qualquer evento, com um jeans e uma camiseta, atrai naturalmente os olhares e a atenção. Sua força vem da proximidade com a população e da habilidade de compreender e traduzir os anseios do eleitorado

Virgínia Mendes, por outro lado, representa um tipo de figura pública que depende de símbolos de poder para se afirmar. Seu estilo de atuação pública beira o anacrônico, remetendo a uma aristocracia do século XIX, onde pequenos gestos performáticos tentam substituir uma conexão genuína com o povo. A cena de entregar um iogurte a um morador de rua, em um ato que parecia mais voltado às redes sociais do que a uma verdadeira preocupação social, ilustra essa distância. A caridade de vitrine pode render likes, mas não constrói liderança.

Enquanto Janaína circula de peito aberto entre apoiadores e críticos, a primeira-dama se mantém protegida por um cerco de assessores, filtrando interações e evitando o contato direto com a realidade política. O brilho de uma grife internacional ou de uma joia cara pode impressionar, mas não conquista votos nem corações. O verdadeiro prestígio político nasce da confiança e da presença constante na vida da população, algo que a deputada tem de sobra e que falta a Virgínia Mendes.
Por fim, é importante destacar que essa análise não considera eleições futuras nem possíveis articulações políticas. O foco aqui é apenas a forma como ambas se apresentam e atuam na vida pública até o momento. E, sob esse prisma, no centro administrativo do CPA, onde os poderes Executivo e Legislativo se encontram, a maior liderança feminina dos últimos dois governos não está no Palácio Paiaguás. Está na Assembleia Legislativa, onde Janaína Riva, com todos os seus defeitos e qualidades, brilha muito mais do que qualquer ostentação. Porque, no fim, política não é sobre exibição. É sobre presença, carisma e conexão. E isso, Virgínia Mendes nunca terá.