Mauro Mendes e o BRT: Terceirizando Culpa, Projetos e a Paciência dos Cuiabanos

O governador Mauro Mendes, conhecido por sua retórica cortante e sua predileção por terceirizar responsabilidades, parece ter encontrado um novo alvo para justificar o caos nas obras do BRT em Cuiabá: ninguém menos que São Pedro. Afinal, a chuva insistente não só molhou o asfalto da Avenida do CPA, mas também escancarou as rachaduras – não só no pavimento, mas na condução do projeto, que mais parece um samba do crioulo doido.

Na última semana, o governador, em tom de ultimato, deu dez dias ao Consórcio BRT para explicar por que as obras seguem em ritmo de tartaruga – ou seria de caranguejo, dado o lamaçal que tomou conta da região? Mauro Mendes garantiu que o pagamento está em dia e que, em suas palavras, “o bicho vai pegar” caso não veja máquinas em movimento. Mas São Pedro, ao que parece, também decidiu participar desse show. Sob a regência divina, a chuva aumentou e, com ela, as obras pararam de vez, desafiando o ultimato do governador.

Enquanto o céu desaba, o Consórcio BRT joga na cara do governo que o edital está errado, não há projeto técnico completo, faltam licenças, e até a lógica arquitetônica parece ter se afogado na Prainha. As estações, segundo especialistas, prometem virar verdadeiras estufas tropicais; as portas dos ônibus, em um toque tragicômico, não se alinham às plataformas – um verdadeiro espetáculo circense urbano. E onde está o Ministério Público nisso tudo? Dr. Deosdete, Procurador-Geral de Justiça, assiste a tudo de camarote, talvez esperando um milagre ou o próximo capítulo dessa novela surreal.

O que chama atenção é a capacidade do governo em transformar problemas técnicos em debates existenciais. Não estranhem se amanhã Mauro Mendes convocar uma coletiva para exigir que São Pedro faça um curso de engenharia civil. Até lá, a culpa vai orbitando entre o céu e a terra, enquanto Cuiabá se afoga em uma baderna institucional digna de nota.

Enquanto isso, os cuiabanos seguem na torcida por um milagre – seja uma trégua de São Pedro, seja a realização de um projeto minimamente decente. E como bem diria Arnaldo Jabor, talvez estejamos todos vivendo “a tragicomédia de um país que sonha grande, mas tropeça no básico”.

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