Mauro Mendes e Maquiavel: O Governador Que Escolheu o Medo e Perdeu o Respeito

Mato Grosso, terra rica e próspera, poderia ter testemunhado nos últimos anos uma administração marcada pela sabedoria, pelo equilíbrio entre a necessidade e a justiça, entre a autoridade e a legitimidade. No entanto, o que se viu foi um governo que, ao invés de consolidar-se como um exemplo de liderança, optou pelo caminho da perseguição, do autoritarismo e do medo.

O governador Mauro Mendes, se tivesse lido Maquiavel com a devida atenção, compreenderia que a força e a astúcia são ferramentas do poder, mas jamais podem substituir o respeito e a confiança do povo. Maquiavel, tão frequentemente mal interpretado, jamais exaltou a crueldade como virtude, mas sim como um elemento de governo que, se mal administrado, torna-se um veneno letal para aquele que o utiliza. O medo pode subjugar por um tempo, mas nunca perpetua o domínio sem o alicerce do respeito e da aceitação popular.

Nos últimos sete anos, Mato Grosso assistiu à construção de um governo que não hesitou em calar adversários, anular instituições, intimidar a sociedade e ostentar riqueza em um cenário de desigualdade gritante. Enquanto a primeira-dama brilhava nos holofotes da ostentação, a população enfrentava a miséria, destruição do VLT, desmonte ambiental, garimpos, crime organizado tomou conta do estado, filas de osso para comer, a tragédia da pandemia e o descaso com a saúde pública. O Estado, que deveria proteger e impulsionar o progresso de seu povo, transformou-se em palco de uma política baseada no terror e na intimidação.

A história ensina que governantes que se apoiam exclusivamente na força e no medo não resistem ao tempo. O poder precisa de um mínimo de legitimidade para se sustentar. Aqueles que tentam governar pela imposição, sem construir uma base de respeito genuíno, acabam reféns de seu próprio modelo de mando. Como alertava Maquiavel, “o príncipe deve temer menos os que o odeiam do que aqueles que desprezam sua autoridade”.

Agora, quando o ciclo político se encaminha para sua conclusão, resta a pergunta inevitável: o que ficará da era Mauro Mendes? Seu governo será lembrado pela prosperidade de poucos e pelo sofrimento de muitos? Pela blindagem de aliados e pela perseguição a adversários? Pelo medo e não pela inspiração?

A política, como a vida, não perdoa os excessos. O tempo cobra seu preço. E aqueles que governam sem compreender essa verdade, mais cedo ou mais tarde, descobrem que o poder que julgavam inabalável era, na verdade, areia fina escorrendo por entre os dedos.

POPÓ PINHEIRO É JORNALISTA E GESTOR PUBLICO

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