
Izadora Ledur de Souza Dechamps foi absolvida em julgamento realizado pela 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar nesta sexta-feira (7), referente ao caso de maus-tratos contra o aluno Maurício Júnior dos Santos, praticados durante treinamento na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, em 2016. A vítima passou por situação semelhante à de Rodrigo Claro, que morreu após treinamento com a militar. Os juízes militares concluíram que não há provas suficientes e, assim, a capitã foi absolvida por maioria de votos.
Após diversos adiamentos, o julgamento foi realizado na tarde de hoje (7). A defesa da capitã, patrocinada pelo advogado Huendel Rolim, argumentou que não há prova de que Maurício foi exposto a perigo de vida, para que a situação se encaixasse em maus-tratos.
Destacou também que Maurício participou do treinamento dos Bombeiros em fevereiro, mas só prestou depoimento sobre seu caso em novembro, já após a morte de Rodrigo Claro. De acordo com o advogado, Maurício fez isso “pra aumentar o caldo, mídia, pressão, tudo junto”.
Ainda durante o julgamento o juiz Moacir Rogério Tortato, rebateu o argumento da defesa, de insuficiência de provas, e concluiu que Izadora Ledur deveria ser condenada a dois meses de detenção, em regime aberto, por maus-tratos. Contudo, pontuou que já houve prescrição deste crime. Já os juízes militares votaram pela absolvição, por falta de provas. Desta forma, por maioria a capitã foi absolvida das acusações.
O caso
De acordo com os autos, no dia do treinamento as atividades foram iniciadas por volta das 7h. Seriam praticados vários exercícios como corrida, flexões, polichinelos, abdominais, entre outros, finalizando com a travessia da Lagoa Trevisan. O treinamento era liderado pela tenente BM Izadora Ledur de Souza Dechamps.
Durante a travessia na lagoa, após percorridos aproximadamente 40 metros, Maurício passou a sentir câimbras, sendo auxiliado por outros alunos, tendo, inclusive, recebido uma boia ecológica de outro tenente.
Já no meio do percurso, Ledur determinou que os demais alunos seguissem com a travessia, deixando Maurício para trás, ocasião em que, como forma de aplicar castigo pessoal, passou a ofendê-lo, quando utilizou, ainda, a corda do lifebelt para iniciar uma sessão de afogamentos, amarrando a perna e o braço do aluno e submergindo-o reiteradamente.
Ato contínuo, após alguns “caldos”, Maurício, que já estava sem forças para emergir e respirar, depois de ter engolido muita água e gritado por socorro, veio a segurar os braços da tenente, implorando para que ela cessasse a atividade.
Ledur, porém, além de repreender Maurício gritando “você está louco? Aluno encostando em oficial”, somente encerrou a sessão de afogamento quando a vítima perdeu a consciência. Na sequência, o aluno acordou já nas margens da lagoa, em esgotamento físico e mental, quando, então, passou a vomitar bastante água. Se não bastasse, mesmo em completo estado de exaustão, a tenente exigia, aos gritos, que Maurício retornasse para a água. Todavia, por sentir fortes dores de cabeça, temendo por sua vida, a vítima não retornou às atividades aquáticas.
Fonte: Vinicius Mendes-GD