
Dilemário Alencar sempre vendeu a imagem de paladino da moralidade, aquele que desmascara a corrupção, aponta o dedo para os desmandos alheios e brada contra a velha política. Mas, na prática, o que se vê é um vereador que transformou o próprio mandato em um balcão de empregos para a família. É um “curral eleitoral” doméstico: a filha na prefeitura, o cunhado na Câmara, a enteada nomeada e exonerada após denúncia, e até a esposa confortável em um cargo na Seduc. Um líder de governo que atropela o prefeito Abílio, o qual, ironicamente, prometeu que não cederia a essas velhas práticas.
O desespero do vereador em tentar justificar essa farra familiar é uma cena digna de tragicomédia. Ele, que se apresenta como um defensor da moralidade pública, agora precisa explicar por que sua família inteira parece estar no setor de “confiança” do erário. Se é nepotismo ou não, a Justiça dirá, mas o que já está provado é que Dilemário opera como um verdadeiro síndico da máquina pública, distribuindo cargos como quem organiza uma festa de parentes.
Eis a ironia: enquanto Dilemário se agarra ao microfone da tribuna com discursos inflamados sobre ética e transparência, seus colegas de parlamento o olham com um misto de deboche e nojo. O vereador Jeferson, sem dó, revelou a Cuiabá o quanto o líder do governo é um embuste, uma contradição ambulante entre discurso e prática. Afinal, nada causa mais repulsa no cidadão do que o político que bate no peito para falar de moralidade, mas por baixo do pano esconde a caneta que assina a nomeação da própria família.
A verdade é que Dilemário não faz política, faz ocupação de espaços, um velho ofício que ninguém sente saudade. Enquanto o prefeito Abílio assiste de camarote, atropelado pelo próprio líder, Cuiabá vai percebendo que a nova política prometida é só a velha política, mas agora com um sobrenome bem definido no contracheque.