
O que é mais caro para um povo? O preço do transporte público ou o preço do descaso? Em Mato Grosso, parece que a conta chega nos dois sentidos. Enquanto o governador Mauro Mendes anuncia a quitação de uma dívida de R$ 572 milhões com a Caixa Econômica Federal referente ao fracassado projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), a implantação do BRT — suposto substituto milagroso — já soma mais R$ 191.671.362,00. No total, estamos falando de R$ 763.671.362,00 (setecentos e sessenta e três milhões, seiscentos e setenta e um mil, trezentos e sessenta e dois reais) torrados entre trilhos arrancados, avenidas destruídas e um transporte público que só piora.
Do VLT, a promessa era modernidade, eficiência e um novo padrão de mobilidade urbana. Foram mais de R$ 2 bilhões investidos em obras que nunca saíram do papel e, ao fim, tudo virou sucata. Vieram então as máquinas do BRT, o modal “mais econômico e prático”, segundo o Governo. E qual foi o resultado? Caos na Avenida do CPA, obras interrompidas e um interminável jogo de acusações entre o governador e o Consórcio BRT, que, ao que parece, não se contenta em ser apenas cúmplice dessa tragédia urbana.
E aqui vale perguntar: quem paga por isso? É o cidadão que perde horas em ônibus lotados. É o trabalhador que sofre com desvios intermináveis no trânsito. É o morador de Cuiabá e Várzea Grande que assiste à destruição de suas vias, de sua paciência e de seus sonhos. Enquanto isso, no Fiplan, o sistema que detalha as finanças do Estado, os números estão todos lá: mais de três quartos de bilhão de reais consumidos sem um sistema de transporte digno para mostrar como resultado.
O Consórcio BRT expôs as fragilidades e contradições do projeto em notas públicas, calando o governador e evidenciando o amadorismo dessa gestão. Enquanto isso, o cidadão cuiabano e várzea-grandense se indigna e sofre. Já não se trata apenas de dinheiro; trata-se do direito de ir e vir, da dignidade que se esfarela no meio de trilhos arrancados e promessas vazias.
O transporte público de Mato Grosso virou um retrato do descaso: um buraco sem fundo de recursos, um escárnio com o contribuinte e um exemplo do quanto a incompetência pode custar caro. O que restará, afinal, depois de tanta gastança? Uma avenida esburacada e uma população que carrega, além de tudo, o peso do desprezo e do abandono.



