
Há anos, Eduardo Botelho caminhava pelos corredores da Assembleia Legislativa de Mato Grosso como um cacique inabalável, um homem que, ao menos na aparência, não sabia o que era perder. Mas 2024 provou ser mais do que um simples tropeço em sua carreira: foi um verdadeiro terremoto.
Após uma campanha desastrosa para a Prefeitura de Cuiabá, na qual não só ficou fora do segundo turno como também foi traído por aliados estratégicos, Botelho viveu o sabor amargo da solidão política. Nem mesmo o apoio do governador Mauro Mendes, companheiro de partido, conseguiu impulsionar sua candidatura. Mendes, durante a campanha, revelou que sua liderança está em aparente decadência, incapaz de assegurar vitórias até mesmo aos aliados mais próximos.
E como se a derrota eleitoral não bastasse, veio a sucessão legislativa. O Supremo Tribunal Federal, na figura do ministro Dias Toffoli, validou a eleição antecipada da nova Mesa Diretora, mantendo Max Russi na presidência e Dr. João como primeiro secretário. Botelho, outrora rei da Assembleia, viu-se relegado ao papel de espectador em uma trama que ele já não protagoniza. A sociedade acompanha o desenrolar da história como quem observa um destino inevitável, sabendo que o palco político raramente oferece espaço para retornos triunfais após derrotas tão expressivas.
Como em um roteiro cruelmente meticuloso, a vida empresarial de Botelho também sofreu um forte abalo. A União Transportes, empresa de sua família, perdeu um contrato-chave para operar o BRT em Cuiabá e Várzea Grande. Essa perda não apenas atingiu financeiramente o clã Botelho, mas também simbolizou o colapso de uma influência que antes parecia inabalável.
Botelho encerra 2024 como um homem que perdeu não apenas o poder, mas o controle narrativo de sua própria história. Resta-lhe a tarefa hercúlea de reconstruir sua trajetória em um cenário político que pune com severidade os líderes que não sabem dançar conforme o ritmo das alianças, mas que glorifica aqueles que conseguem ressurgir mostrando resiliência e habilidade. O futuro ainda pode reservar espaço para Eduardo Botelho, mas ele terá que reescrever sua história com muito mais estratégia e articulação.