
Na política, o palco muda, mas os atores continuam. Nesta manhã, o vereador Dilemário, fiel escudeiro de manifestações oportunas, protagonizou um ato em frente à Prefeitura de Cuiabá, enquanto o prefeito eleito, Abílio, já ensaia seu novo papel de protagonista. Com a faixa da responsabilidade prestes a pesar em seus ombros, o jovem político, ainda embalado pelo ritmo frenético dos videozinhos que o alçaram à fama, tenta vestir o figurino de administrador sério.
Abílio, em um de seus últimos ensaios, gravou um vídeo nas UPAs – palco simbólico de sua “vacina metafórica” contra as mazelas de sua futura gestão. O roteiro é conhecido: críticas afiadas, frases de efeito e um apelo visual que seduz o eleitorado mais insatisfeito. Mas agora o cenário mudou. A partir de 1° de janeiro, ele precisará provar que sabe fazer mais do que apontar o dedo.
O dilema é evidente. O “moleque do legislativo”, como alguns o apelidaram, precisará amadurecer rapidamente. Administrar Cuiabá não é tarefa para os fracos – a cidade exige não só competência, mas também a paciência de um mestre artesão. Será que Abílio conseguirá fazer algo melhor do que seus antecessores? Ou continuará no terreno confortável das promessas e espetáculos performáticos?
Cuiabá assiste, esperançosa e desconfiada, enquanto o prefeito eleito ensaia seu novo papel. Até lá, o que temos é mais do mesmo: discursos inflamados, gestos grandiosos e a promessa de um amanhã que, como sempre, ainda está para chegar.