Quando a história política de Mato Grosso for revisitada, o Parque Novo Mato Grosso — já batizado nas ruas e redes como Parque dos Bilionários — será lembrado como o monumento máximo da megalomania pública financiada com suor popular. Uma obra faraônica, empurrada goela abaixo da sociedade sem debate honesto, que consumiu mais de R$ 3 bilhões do bolso do contribuinte para virar vitrine de ostentação e palco dos barões da soja.
E agora, diante da realidade que se impõe — estruturas gigantes, vazias e distantes do povo — o governador Mauro Mendes tenta desesperadamente provar que o parque é útil. A última jogada? Pagar 25 mil ingressos de Stock Car para distribuir ao público, como quem compra aplauso com dinheiro alheio. Uma tentativa artificial e cara de dar vida a um projeto que nasceu elitista, foi concebido para poucos e hoje agoniza no constrangimento do fracasso.
Essa doação forçada não é generosidade, é desespero. Não é benefício ao povo, é propaganda. Não é política pública, é marketing com dinheiro público — novamente. O governo parece confundir gestão com pirotecnia; investimento com espetáculo; prioridade social com delírio concreto.
O retrato é cruel: enquanto hospitais enfrentam filas e falta de medicamentos, enquanto segurança pública patina e professores lutam por estrutura digna, o Estado empilha milhões e milhões em um autódromo que poderia muito bem ser o maior símbolo do apartheid social mato-grossense. O povo financia, a elite usufrui. Uma inversão moral e política que explica, talvez, porque o governo precisou agora inventar “corrida para o povo assistir”, como se a imagem pública tivesse que ser salva às pressas antes que o gigantismo ocioso se tornasse insustentável até no discurso oficial.
A verdade é simples: se o parque fosse um sucesso, não precisaria de campanhas apressadas, ingressos “patrocinados” e narrativas forçadas. O sucesso não se compra — se comprova. E até agora, o que se comprova é que Mato Grosso enterrou bilhões num projeto que beneficia uma minoria privilegiada e sufoca o orçamento público enquanto as necessidades reais ficam para depois.
O Parque Novo Mato Grosso já nasce como símbolo do distanciamento entre governo e povo. O problema é que o buraco não é apenas na terra — é nas prioridades, nos cofres públicos e no projeto de Estado. Em vez de ser o legado sonhado pela elite palaciana, corre o risco de se tornar o maior elefante branco já construído no Centro-Oeste, com o nome do governador Mauro Mendes cravado na placa de responsabilidade.
Porque obra pública não se mede pelo tamanho, mas pelo retorno social. E nesse caso, Mato Grosso aprendeu da forma mais cara possível que o luxo de poucos pode custar a dignidade de muitos.


