Em meio às investigações do Ministério Público sobre o destino de parte dos R$ 308 milhões pagos pelo Governo de Mato Grosso em um acordo judicial, o governador Mauro Mendes surpreendeu ao afirmar publicamente que os fundos de investimento envolvidos já prestaram esclarecimentos ao MP e negaram qualquer relação com seus familiares. A declaração, no entanto, chama atenção por um detalhe explosivo: a investigação corre sob sigilo. Como então o governador teria acesso antecipado às manifestações? A resposta abre um flanco perigoso sobre possível vazamento institucional ou, pior, acesso privilegiado de Mauro ao que deveria estar restrito às autoridades competentes.
Mais grave ainda é a postura do governador diante dos principais personagens do escândalo. Em vez de defender ou ao menos mencionar o secretário da Casa Civil, Fábio Garcia — seu homem de confiança — ou o empresário Fernando “Berinho” Garcia, pai do secretário e dono do hotel beneficiado, Mauro preferiu se blindar e deixou ambos na linha de tiro. O silêncio em relação aos aliados mais próximos, enquanto correu para isentar a si mesmo e sua família, revela uma estratégia clássica de isolamento político: salvar o próprio nome, mesmo que isso custe a cabeça dos que o cercam.
Fonte: Folha de São Paulo


