O governador de SĂŁo Paulo, TarcĂsio de Freitas (Republicanos), aterrissou em Cuiabá na manhĂŁ deste sábado (19.jul.2025) para prestigiar o casamento da filha do ex-senador Cidinho Santos, presidente da concessionária Nova Rota do Oeste — evento que reĂşne a elite polĂtica e empresarial ligada ao agronegĂłcio e Ă s concessões rodoviárias de Mato Grosso. Antes da cerimĂ´nia, TarcĂsio circulou em almoço polĂtico com Mauro Mendes, Otaviano Pivetta, lideranças estaduais e convidados de peso, transformando o fim de semana festivo em vitrine de articulação nacional da direita.   
O contraste Ă© ruidoso: na vĂ©spera (18.jul.2025), o ministro Alexandre de Moraes determinou que o ex-presidente Jair Bolsonaro — principal fiador polĂtico da ascensĂŁo de TarcĂsio — passasse a usar tornozeleira eletrĂ´nica, com recolhimento noturno e uma sĂ©rie de restrições de deslocamento e contato diplomático. Do ponto de vista simbĂłlico, menos de 48 horas (e, certamente, menos de 72) separam a humilhação judicial imposta ao lĂder da direita e o clima de celebração em que TarcĂsio se apresenta sorridente em Mato Grosso, sem manifestação pĂşblica robusta de solidariedade ao aliado acuado.   
Nos bastidores, a leitura Ă© de que TarcĂsio calibra distância estratĂ©gica: preserva pontes com o agronegĂłcio, com governadores aliados e com potenciais financiadores de 2026, enquanto evita se enredar no drama jurĂdico de Bolsonaro — cujo entorno reagiu mal a agendas que nĂŁo traduzem apoio explĂcito neste momento de cerco judicial. Reportagens locais já vinham registrando que o governador paulista manteve a viagem a Cuiabá mesmo apĂłs cancelar compromissos empresariais na esteira da nova ofensiva sobre Bolsonaro, reforçando a percepção de que, na prática, o projeto presidencial fala mais alto que a lealdade sentimental.  


